Na prática é realmente o que constatamos, o Algarve é um destino turístico que já não interessa aos principais operadores turísticos. Em Outubro de 2010 foi a vez da THOMSON, principal operador turístico Britânico cancelar toda a operação no Algarve durante a época Baixa, só a devendo retomar a partir de Abril. A Thomson já o tinha feito em 2009 e repetiu a gracinha este ano. Perante este cenário os hoteleiros ficam de mãos atadas sem os principais fornecedores de clientes de Inverno, sendo agora obrigados a encontrar outras alternativas, mas onde?
Há alguns anos era precisamente a Thomson que garantia a ocupação de Inverno em grande parte das unidades hoteleiras algarvias, o cenário mudou com o aumento vertiginoso do custo de vida na região e o que era um verdadeiro paraíso para grande parte dos reformados britânicos que passavam um Inverno quase de luxo, passou a ser um luxo ao alcance de alguns apenas e, perante outros destinos turísticos com custo de vida mais atractivo está à vista o resultado.
O clima continua bastante agradável comparativamente a outros países europeus e o preço praticado nos hotéis algarvios durante a época baixa é bastante atractivo, mas parece ser só o que de atractivo existe na região mais a sul de Portugal durante o Inverno – Clima e tarifas de hotéis.
Este destino turístico passa dos oitenta aos oito, ao movimento excessivo de verão com as ruas apinhadas de gente, bares com a música aos berros e bêbados aos gritos pela noite dentro sucedem-se ruas praticamente desertas com bares fechados e um silêncio assustador, tornado as famosas ruas do movimento nocturno de verão em locais perfeitos para assaltos a quem por ali passa. Contornar este cenário assustador não parece ser tarefa fácil, mas será impossível? Quem contribuiu para estes cenários?
O povo português sempre se caracterizou por encontrar as soluções mais fáceis para os problemas em vez das mais eficazes que criassem estruturas fortes para o futuro, os hoteleiros algarvios não fugiram à regra.
Houve anos em que existiam diversos operadores no mercado, operadores pequenos que andavam de hotel em hotel na esperança de conseguirem quartos suficientes para montar a sua operação no Algarve. Vinham do Reino Unido, da Holanda, Irlanda, Alemanha, Suiça, Luxembrugo, Escandinávia, etc. Cliente a cliente a ocupação de Inverno era baixa, mas suficiente para que existisse um ambiente agradável na maioria dos hotéis e os preços, bem mais baixos que no verão davam para minimizar as despesas.
Começaram a aparecer os “espertos” aqueles que vendiam o alojamento a preço bem mais baixo que o preço já de saldo a operadores grandes que, como é natural, ocupavam mais.
Os preços mais baixos permitiam vender o mesmo produto por um preço mais competitivo que a concorrência. Aos poucos os pequenos operadores turísticos começaram a ser absorvidos pelos grandes pois não tinham hipóteses de sobreviver no mercado competindo de forma desigual e como se tal não bastasse, os grandes operadores Turísticos começaram a acenar com contratos de garantia na condição de terem a exclusividade num determinado mercado. (Se os hoteleiros tivessem dado quer aos pequenos quer aos grandes as mesmas oportunidades talvez a história fosse outra…ou talvez não.)
A tão criticada por alguns ERTA (Região de Turismo do Algarve) e o Turismo de Portugal tentam campanhas promocionais e novas estratégias na esperança de contornar de algum modo a sazonalidade mas falta o tal apoio unânime de parte dos hoteleiros, mais parecendo que ninguém fala a mesma língua. É curioso que nos dias de hoje na Internet o site mais completo a nível de informação sobre a região seja o Visitalgarve, um excelente trabalho do turismo de Portugal onde, apesar da informação estar super completa, eu diria que falta aquela paixão pela região nos textos. Transmitir, de algum modo, a vontade no turista de visitar a região.
Das lacunas diria que falta também disparar em mais direcções, tentando atingir mais potenciais segmentos de mercado.
Outra coisa que não se compreende também é a razão porque existem cada vez menos rotas aéreas que liguem Faro aos principais mercados fornecedores de turistas. Será que se todos se unissem, Hotéis, Rent-a-car, Airlines, agências de excursões, parques temáticos e tudo mais, criando vários pacotes turísticos para os mais variados segmentos de mercado e interesses turísticos, não seria possível angariar turistas de novos mercados e contornar de certo modo a sazonalidade da região que é cada vez mais extrema.
Afinal não seria do interesse de todos, não só dos hoteleiros e de todas as empresas que vivem em função do turismo como também do próprio estado português resolver este problema de sazonalidade da região algarvia, mantendo postos de trabalho e mantendo o comércio vivo, gerando alguma riqueza e a consequente receita fiscal que tanta falta (diz-se que faz falta) faz aos cofres do estado?
Sem comentários:
Enviar um comentário